A Viagem: um filme para mudar as suas perspectivas

0 Comment
cloud atlas

a viagem

A Viagem é um dos filmes mais inspiradores que já vi. Quando saí do cinema a primeira vez, eu estava tão impactada que não conseguia saber se ria, chorava, ou se simplesmente agradecia à vida pela incrível oportunidade de ter visto uma produção tão bem feita. Gostei tanto que vi mais duas vezes no cinema, depois aluguei e finalmente comprei, semana passada, o DVD.

Mas fique atento: é um filme de 2h45min que fala essencialmente de reencarnações. São seis histórias que acontecem em diferentes séculos, e se você não entende o conceito ou não acredita nele, o filme pode se tornar confuso ou surreal. Para mim, que sempre vi reencarnações e karma e todas essas coisas como verdade inegável, foi como ver todas as minhas crenças traduzidas em uma produção independente incrivelmente bem realizada.

Foram três diretores que cuidaram do longa: Andy e Lana Wachowski e Tom Tykwer. Talvez por serem três cabeças pensantes, o roteiro seja tão diversificado: tem romance, drama, ação, comédia, suspense… é impossível ficar entediado ou sentir sono, com uma sequência calma seguida por uma de intensidade emocional, para depois voltar para o calmo ou pular para o suspense. E, diferentemente da maioria dos filmes, este não tem apenas uma mensagem principal, mas várias. Durante as cenas, podemos perceber diversas lições de vida sendo transmitidas, mas elas o são de forma suave; quem não está prestando atenção, nem percebe.

A que mais gosto, e está comigo em todos os momentos desde que assisti A Viagem pela primeira vez, é: “Our lives are not our own. From womb to tomb, we are bound to others, past and present. And by each crime and every kindness, we birth our future” (em tradução livre: Nossas vidas não são nossas. Do útero ao caixão, estamos conectados aos outros, passado e presente. E de cada crime e de cada gentileza, nasce o nosso futuro). Se eu fosse definir um tema central – o que, como eu já disse, não é possível nesse caso – seria a da consequência dos nossos atos. Como cada ação que fazemos hoje impacta quem seremos amanhã e, mais do que isso, como as suas escolhas podem definir o futuro de pessoas que talvez você nem conheça.

O título original é Cloud Atlas (Atlas de Nuvens). O autor do livro que deu origem ao filme, David Mitchell, conta que a ideia do título veio da noção de que somos como nuvens, que mudam de forma e servem para diferentes propósitos, mas no fim ainda são nuvens, assim como almas ainda são almas. Quem pode dizer onde começaram, por onde passaram e o que foram? Ou, mais ainda, para onde vão, o que serão e o que farão?

E o mais interessante é que, para que os espectadores entendam quem é a reencarnação de quem, os atores interpretam vários personagens, se tornando por vezes irreconhecíveis. Halle Berry é, por exemplo, um homem em uma das vidas, e em outra uma judia de pele clara. Hugo Weaving é, em uma das encarnações, uma mulher. Além deles, estão na obra Tom Hanks, Jim Broadbent, Jim Sturgess, Doona Bae, Ben Whishaw e James D’Arcy. É divertido e surpreendente ficar tentando detectar quem é quem em cada vida.

Como eu disse, é um filme longo e que exige constante atenção. Mas, se você estiver disposto a dedicar seu tempo a ele, e estiver preparado para muitas epifanias, então eu garanto que você não vai se decepcionar.

0 Comments

Leave a Comment