Cascas de ovo, mãe e filha: conheça o projeto que espalha brotos por Santa Catarina

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Muito amor por plantas e a vontade de levar um pouco da natureza para outras pessoas. Foi assim que começou a história do Plantei um Broto na Casca do Ovo, projeto que espalha brotos de diversos temperos, frutas e verduras por Blumenau, em Santa Catarina, e traz consigo lições sobre amor à natureza, como evitar o desperdício e uma linda relação de mãe e filha. Criado pela engenheira florestal Ana Nunes, a história do projeto começou quando ela resolveu contar a origem da tangerina para sua filha Alicia, de três anos.

Plantei um Broto na Casca do Ovo | Serendipitys

Alicia, de três anos, ajuda a mãe na preparação dos brotos. Imagem: Arquivo Pessoal

“Um dia eu e a Alicia comemos uma tangerina juntas e eu resolvi explicar o que acontecia com aquelas sementes. Fizemos uma caixa de terra e lá plantamos as sementes. Fomos também colocando outras como mamão, abóbora, tomate (coisas que comíamos em casa) até que tudo começou a germinar. Como eram muitas, veio a ideia de distribuir para conhecidos, mas eu não sabia aonde, então, veio a ideia de usar a casca do ovo”, conta Ana, explicando ainda que usar a casca é sustentável, afinal, se trata de uma embalagem que vem de resíduos e é biodegradável.

A embalagem natural foi quem deu nome ao projeto. “Batizamos como Plantei um Broto na Casca do Ovo, meio que fazendo uma brincadeira com aquela fala ‘enganei o bobo na casca do ovo'”, explica. Com nome e brotos em mãos, mãe e filha saíram para distribuir as plantinhas. Elas não imaginavam, no entanto, que o gesto teria a repercussão que teve. O que seria apenas uma postagem no Facebook, acabou ganhando uma página própria  – que conta atualmente com mais de 800 curtidas – e novas edições.

A atividade passou a integrar o dia a dia de Ana e Alicia, e a pequena participa efusivamente do projeto. “Depois que come, ela já prepara as sementes para colocar para germinar. Ela gosta de preencher as casquinhas com terra e montar os substratos com autonomia. Quando ela acha uma semente na rua, já traz para casa e joga na sementeira”, diz. Além de diversão, a ideia serviu também de aprendizado. Ao ajudar a mãe, Alicia conheceu a origem dos alimentos e aprendeu que o lixo orgânico não tem nada de lixo e pode ser reutilizado.

As técnicas para plantar e a distribuição

Plantei um Broto na Casca do Ovo | Serendipitys

O preparo das mudas pode ser feito de duas maneiras. Imagem: Arquivo Pessoal.

Ana utiliza duas técnicas para plantar, o plantio das sementes na sementeira, onde, após as mudas atingirem mais ou menos de 10 a 15 centímetros, acontece a transferência para a caquinha na qual ficam até a doação ou o plantio direto na casa, no qual ela germinará. A limpeza das casquinhas é essencial. “Quando as mudas estão prontas, eu esterilizo as casas deixando ou de molho na água com água sanitária por oito horas ou fervendo a casquinha por 15 minutos. O processo é importante para evitar contaminação pelo manuseio”.

Depois que as cascas estão secas e esterilizadas, é feito um furo na parte inferior para que a água escoe. Terminado o processo, mãe e filha colocam a muda e preenchem com terra. Ana explica que não há problema em plantar o ovo na terra. “Ele vai se decompor e virar matéria orgânica. Também é uma fonte de cálcio, potássio e magnésio, que ajudam no desenvolvimento das plantas”.

Terminada a preparação, é hora de distribuir. E é justamente isso que Ana visa ampliar. “A ideia é que esse projeto  entre em escolas, creches, empresas e restaurantes. Como uma semente de consciência para despertar a importância do contato com o verde, o valor da natureza, desperdício e reciclagem”. A engenheira já pediu para alguns restaurantes guardarem as casquinhas e acabou distribuindo as mudas no próprio estabelecimento, ensinando que é possível reutilizar o que sobra na cozinha.

Plantei um Broto na Casca do Ovo | Serendipitys

Ana já pediu para restaurantes guardarem as cascas .  Imagem: Arquivo Pessoal.

Ana conta que o principal retorno que o projeto trouxe foi dentro de sua própria casa. “Esse projeto trouxe muitos valores para minha família, em relação a várias coisas. O regaste ao plantar o próprio alimento, a partilha, distribuir o que te sobra. Tentamos levar uma vida mais orgânica, é simples”.

A preocupação com as gerações mais novas também está presente. Por meio do Plantei um Broto, ela tenta aproximar as crianças da natureza, começando por sua própria filha. “Essa também é uma causa na qual lutamos. A criança restabelecendo esse contato, conseguindo acompanhar o processo de nascimento e crescimento do seu alimento. Estreitando a relação de uma forma íntima com o meio, aprendendo a ter paciência, consciência e amor ao ciclo da terra”, diz.

Há também o retorno de quem recebe os brotos. Ana conta que recebe mais de 100 emails por dia com pessoas agradecendo e interessadas em ampliar e replicar a ideia, além das mensagens e pedidos nas redes sociais. Uma maneira simples de unir diversos valores e aproximar pais e filhos. A lição que fica? Ana não tem dúvidas. “Com pouco podemos muito. Cuidar da terra também precisa ser ensinado, e isso pode ser feito de uma maneira lúdica, simples e feliz”.

Você pode conhecer mais sobre o projeto em sua página oficial no Facebook.

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