O que eu aprendi desempregada pela segunda vez em menos de um ano

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Há um tempo atrás, publiquei aqui um texto falando sobre a minha experiência em pedir demissão e  ir viajar. Como mencionei, daquela vez eu estava (ou ao menos assim pensava) preparada para encarar as incertezas e dificuldades de estar desempregada e não ter perspectivas de voltar a trabalhar tão cedo. E eu realmente não voltei. Depois de viajar, me questionar, entrar e sair de crises existenciais, eu retornei ao mercado de trabalho somente nove meses depois de sair dele. Não foi fácil e muitas vezes eu achei que nunca mais encontraria um emprego, mas deu tudo certo.

Assim, em novembro de 2016 eu tive a sorte de encontrar um lugar para atuar na minha área, com carteira registrada e bons benefícios. Não vou entrar no mérito de se a experiência foi boa ou não porque esse não é o propósito desse texto. Trabalhar em tal empresa teve suas dificuldades e foi extremamente estressante em mais vezes do que eu consigo lembrar, mas era um trabalho, o meu trabalho. E, em meio a uma crise econômica e após passar tanto tempo em casa, eu apenas aceitei e fui seguindo em frente. Até que veio o baque. Pouco antes de completar um ano, fui demitida.

Não apenas eu fui demitida, como a minha área inteira acabou. Assim, do dia para noite. Tínhamos metas, planos, textos… Tudo pronto e, então, de repente, tudo inútil. Não posso dizer que foi inesperado, mas também seria mentir afirmar que eu já sabia que aquilo aconteceria. Como costumamos fazer com diversos assuntos, até vislumbrava que aquilo poderia acontecer, mas não agora. Não, aquilo era coisa para o presente, não futuro imediato. É, eu estava errada.

Até agora, os meus sentimentos foram os mais confusos. Alívio, medo, inquietação, pânico. Por vezes nessa ordem, por vezes não. No entanto, percebi algo curioso: dessa vez, mesmo estando despreparada e tendo sido pega de surpresa, estou muito mais tranquila do que quando eu tinha tudo organizado. Talvez seja aquele papo de “nenhum pé na bunda vai doer tanto quanto o primeiro”. Eu sei, da primeira vez a decisão de sair foi minha, mas a situação foi bem similar.

Um pouco mais madura e com alguns aprendizados a mais na bagagem, eu percebi que não adianta deixar o desespero tomar conta (não que em alguns dias ele não faça exatamente isso). Por mais que demore, eventualmente eu vou conseguir me realocar. E não adianta eu tentar ou querer controlar isso. Se teve uma coisa que eu aprendi em 2017 e que eu achava que já sabia é que não temos controle sobre a vida.

Lá atrás, quando eu pedi demissão, estava com tudo certo. Eu havia juntado dinheiro durante anos, tomado a minha decisão de consciência tranquila e me planejado para as dificuldades (financeiras e também não financeiras) que eu enfrentaria. Dessa vez, tudo mudou sem que eu tivesse tempo para me organizar (literalmente!).

Porém, por mais difícil que seja voltar à posição de desempregada em tão pouco tempo, estou tentando me manter positiva. Vi isso como uma chance dada pela vida (ou pelo universo, ou por Deus, ou pelo o que você quiser acreditar) para repensar meus propósitos, metas e desejos. Também estou aproveitando para fazer as coisas que eu não posso quando estou trabalhando, as mais simples mesmo como passar mais tempo com a minha mãe, escrever aqui ou me aventurar em alguma coisa pela cozinha. Estou tentando “ver o lado bom da vida” e me apegar às pequenas coisas.

Eu sei que falando assim tudo parece muito bonitinho e é claro que nem é tão simples e tão fácil. Por mais que você se dedique ao que ama, faça coisas que não podia e se sinta feliz, você ainda está desempregado. Sim, as contas continuam vindo e, por mais que bicos ou freelas ajudem, é complicado viver sem uma renda mínima fixa. Sei também que eu sou privilegiada por morar com os meus pais e poder contar com eles caso as coisas realmente apertem. Porém, ao olhar para a minha vida, as minhas possibilidades e tudo o que estava acontecendo, tento fazer o melhor.

Estou mandando CVs insanamente? Estou (inclusive, se souber de alguma coisa, estamos aqui!). Mas também estou aprendendo ainda mais sobre controlar gastos, elencar prioridades e ter resiliência. Estar desempregada pela segunda vez em menos de um ano é ruim? É. Mas, se tudo na vida realmente tem um lado bom, estou buscando enxergá-lo 🙂

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