Quem, eu? A história de Fernando e de sua Vovó Nilva

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Fernando Aguzzoli tem 22 anos. Ele estudava filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) quando decidiu, no início de 2013, trancar o curso e largar o emprego para se dedicar À avó, a Nilva de Lourdes Aguzzoli, a Vovó Nilda, que lutava contra o Alzheimer. Vovó Nilda faleceu em dezembro do mesmo ano, porém, as vivências com Fernando durante este período ficaram registradas na página Vovó Nilda que, posteriormente, se tornaria o livro “Quem, eu?”.

Quem, eu? | SerendipitysEle explica que a ideia partiu de quem acompanhava a página, hoje com quase 100 mil seguidores. “O livro surgiu dos próprios internautas que curtiam a nossa página, ainda ativa. Esse pessoal pedia um livro que reunisse nossos diálogos hilários, sempre postados com a intenção de divertir mas também conscientizar sobre a doença”, conta. A ideia deu certo. O “Quem, eu” conta, de maneira divertida e emocionante, como era o dia a dia entre Fernando e sua avó, além de ajudar a compreender um pouco mais sobre o Alzheimer.

Depois da decisão, Fernando trocou de papeis com a avó. Agora, ele era quem cuidava e ela quem recebia os cuidados. Para ele, foi como assumir um papel de pai.  “A vó estava precisando cada vez mais de cuidados, de um pai. Eu estava em uma fase da minha vida em que podia me permitir isso, podia me dar ao luxo de cuidar da vovó, e foi isso que fiz, trancando então a faculdade e vindo a vestir o uniforme de pai dessa sem vergonha”, explica.

E a troca deu certo. Apesar das eventuais dificuldades, os dois conseguiram lidar com a doença de uma forma mais leve, regada a aprendizado, carinho e algumas lágrimas. Para Fernando, foi uma experiência inesquecível. “São momentos, risadas, choros, aprendizados e imagens que duvido que algum Alzheimer me apague. São memórias muito marcantes e que vão comigo pra onde eu for, pra sempre”.

Os cuidados dedicados à vovó Nilva trouxeram também um aprendizado sobre a vida, que foi levado à diante por meio da página no Facebook e, agora, por meio do livro. “Aprendi a viver, literalmente. Aprendi mais sobre a vida, aprendi mais sobre a morte, aprendi sobre muita coisa. Creio que posso dizer com autoridade: sou uma pessoa antes dessa experiência e uma muito mais forte depois”.

A repercussão que a história tomou impressiona Fernando. Ele conta que não imaginava que tanta gente fosse se interessar e compartilha-la. “Achava mil pessoas uma grande conquista”, conta. A proporção, talvez, o inspire a criar novos projetos.  “Gostei da brincadeira! Até tenho outros projetos, quem sabe role, né?!”. Vamos ficar no aguardo, Fernando!

Vó: hahahahaha…
Eu: Sim?
Vó: Sabe do que eu to rindo?
Eu: Não tenho NEM ideia. Mas já to assustado!
Vó: Pois então depois eu vou te contar. Esses dias eu tava na rua……
Eu: Ah já é depois?
Vó: Que? Fica quieto e ouve a história!
Eu: Ui ui, desculpe, prossiga! Vó: Esses dias eu tava na rua com uma guria, e tu passou do outro lado da calçada, daí ela disse “Esse guri é lindão, um dia ainda vou pegar ele de jeito na cama!”
Eu: HÃ? oO
Vó: É, ela disse! Disse que tu não olha pra ela, e que ela te acha tão lindo!
Eu: MEU DEUS, MÃÃÃÃÃE A VÓ TÁ SURTADA, CADÊ O RIVOTRIIIIIL?
Vó: É verdadeeeee!!!!!
Eu: Que guria? Que rua? Tu só sai com a mãe, e espero que não tenha sido ela! hahaha…Não surta vozinha!
Vó: To dizendo, foi esses dias!
Mãe: Que foi?
Vó: To falando de uma menina que disse que ia estuprar ele, de tão lindo!
Eu: Viu mãe?
Vó: QUE MÃE? É a Rose!
Mãe: Sim casualmente sou a mãe dele.
Vó: Mas tu tem 15 anos, Rose!
Eu: Viu?
Rose: Rivotril!

Para saber mais sobre a história de Fernando e da Vovó Nilva e acompanhar a agenda de onde ele estará com a divulgação do livro, acesse a página oficial do projeto no Facebook!

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Vovó Nilva e Fernando (Foto: Fernando Aguzzoli/ Arquivo Pessoal)

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