Ansiedade: o problema do controle excessivo

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Faz mais ou menos um ano que eu descobri uma coisa muito legal: o Bullet Journal. Eu, que já sou fanática por cadernos e coisas de papelaria, não pude deixar de experimentar esse método de organização altamente divulgado nos últimos tempos. Acontece que tudo tem um limite. Não vim apedrejar a ideia, afinal, ainda uso, mas cheguei a um ponto que tentei controlar tudo da minha vida pelo caderninho e isso me fez um mal absurdo. Fiquei extremamente ansiosa e, por ironia do destino, muitas coisas na minha vida desandaram. O famoso tiro que saiu pela culatra.

Vamos aos porquês. Comecei o Bullet Journal realmente em 2017, e endeusei o BuJo, pois é uma agenda que você não desperdiça espaço, tudo que você escreve vai da sua vontade e não sobram páginas em branco. Criei metas, lista de filmes, livres, séries. Até ai ok, isso não é bem um “controle”. O problema começou quando comecei a inserir controle de horas dormidas, se meu humor no dia estava bom, se eu estava gastando muito, se estava me alimentando bem, se chegava pontualmente aos lugares, etc. Cada categoria tinha uma meta e, quando não atingia essa meta, minha autoestima ficava péssima, eu ficava pilhada para conseguir ficar alinhada ao ideal de ser humano: aquele que dorme 8 horas por dia, se alimenta equilibradamente (saladas, frutas e proteínas são liberados. Açúcar jamais), gasta dinheiro só com as coisas REALMENTE necessárias, enfim, por ai.

Internamente, lá no fundo do meu psicológico, esse controle excessivo sobre tudo o que eu fazia começou a criar um efeito reverso. Fiquei mais estressada, ansiosa por me manter dentro dos padrões que eu mesma impus e o resultado foi desastroso: eu não conseguia dormir direito, comprar coisas se tornou uma fuga prazerosa, perdia a hora para tudo e, quanto à alimentação, passei a comer menos, mas só comia porcarias. Com esse descontrole, também parei de atualizar o meu Bullet Journal, criava as seções todos os meses, mas não preenchia e isso foi aumentando minha ansiedade, um sentimento de que não conseguia cumprir absolutamente nada do que me propunha. Chegou a afetar minha vida profissional, tive uma bela queda na produtividade, afinal, não anotava nenhuma atividade no meu BuJo, então era como se eu não tivesse nada para fazer (mas como eu tinha).

Acho que o basta foi quando me chamaram para perguntar “Oi, está tudo bem com você? Parece desligada, você simplesmente não está mais fazendo as coisas”. Depois disso comecei a pensar quando foi que toda a ansiedade começou a aparecer e passei a fazer as coisas com um pouco mais de calma. Meu primeiro passo foi voltar ao básico do Bullet Journal: apenas listando as atividade do mês, das semanas e dos dias. Aboli qualquer controle de sono, alimentação, gastos, pontualidade, isso com o objetivo de simplificar minha vida e voltar, pelo menos, a preencher a agenda com as coisas que eu realmente precisava fazer.

Ajudou, e muito, a ansiedade diminuiu, mas ainda existia uma pontinha. Meu segundo passo foi parar e levar o dia com calma, aliviar a pressão que existe. Uma coisa de cada vez. Percebi que sempre fazia tudo correndo, para poder fazer várias coisa, para fazer tudo que me pedem, estar em todos os lugares. Quando me toquei que viver nessa pressão me deixava apreensiva, notei que os dias que faço as coisas com calma são muito mais prazerosos e bem menos estressante. Mas obvio, vivo em São Paulo, trabalho, estudo, tenho amigos, família, pets, chegam momentos em que as coisas apertam e sim, você precisa se multiplicar em cinco para conseguir fazer tudo, põe o relógio e faz tudo cronometrado. Esses dias são estressantes, mas ainda bem que aprendi a moderar o tempo para isso não me afetar tanto.

Aprendi que a vida apenas acontece, algumas coisas podem ser controladas, outras não valem o sacrifício. Pra que ficar controlando quantas horas você dorme? Procurando fazer uma linha reta de 8 horas todos os dias? Tenha uma vida saudável, nem que em um dia você durma 10 horas e no outro 4. Só não surta. Tem outras coisas que você simplesmente não tem como controlar e se desgastar por elas é completamente inútil.

Outra dica: inclua chá na sua vida. Alguns tem cafeína, mas algo no calorzinho da xícara faz com que a calma apareça. É reconfortante.

Foto em destaque: Estée Janssens

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