Dez dias em Trancoso – A viagem

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Um destino improvável apareceu na minha lista de viagens realizadas: Trancoso. Já tinha ouvido falar sobre como é paradisíaco, como as praias são lindas, com água cristalina. Mas até então, não era o primeiro lugar na minha lista de desejos, mas o destino o colocou no meu caminho. Tive que ir a trabalho, para o festival Música em Trancoso, que aconteceu entre 18 e 25 de março de 2017. Então lá fui eu para o sul da Bahia, e foi uma experiência espetacular!

Embarquei no dia 17 de março, para essa que foi a minha segunda viagem de avião. Cheguei no fim do dia, em Porto Seguro, e tive mais 1h30 de estrada, até Trancoso. E vamos à cidade:

O QUADRADO:

O Quadrado é o centro turístico de Trancoso e é simplesmente lindo! O espaço é comprido e amplo, com dois caminhos de areia, um gramado central e uma singela igreja na ponta oposta à entrada do Quadrado. Todas as casas que rodeiam o grande campo central são coloridas, parede de uma cor, porta e janelas de outra – a que mais chamou minha atenção foi uma azul royal, com cadeiras cor de rosa na frente.

Com o cair da noite, os estabelecimentos acendem as dezenas de luminárias, que estão penduradas nas árvores, e o caminho fica iluminado e cintilante. Alguns músicos pegam violões, sentam em banquinhos e fazem apresentações aos turistas criando um clima de luau, ainda mais com a brisa noturna. Não tem como não se apaixonar pela cidade. Seja de dia, seja de noite, Trancoso tem sutilezas muito atrativas; eu adorava andar pelo Quadrado de noite, olhando o céu estrelado e a vida pacata que tomava conta desse “centro turístico”. Podia passar uma noite inteira só fazendo isso.

Obs. O comercio no Quadrado abre por volta das 17h, já que no período da manhã e início da tarde as pessoas estão na praia. Poucas coisas abrem antes desse horário.

IGREJA

Toda branca, com portas e janelas de um tom verde bem escuro, a Igrejinha do Quadrado carrega a imagem do passado cristão que colonizou a região do sul da Bahia com a chegada dos portugueses. Um grande mural diz que a construção da igreja foi por volta do século XVII/XVIII, provavelmente realizada por padres jesuítas, devido ao seu formato. Seu interior simples tem bancos de madeira e vários móveis em azul turquesa com bordas douradas. Atrás da igreja existe um mirante, de onde é possível observar a praia e o mar até onde o olhar alcança.

ARTESANATO:

Trancoso é uma cidade que conta com vários tipos de artesanato, principalmente cerâmica e luminárias. A mais comum é a da foto ao lado; estavam presentes em boa parte dos lugares pelos quais passávamos. Feitas por artesões da região, essas luminárias são um símbolo da cidade (e de Arraial d’Ajuda).

A cerâmica também está presente em vários pontos, até dentro do quarto da pousada tinha um abajur de uma baiana com saia rendada. Foi em uma loja de cerâmica que encontrei boa parte dos souvenires e lembrancinhas que comprei, exatamente por serem típicos de Trancoso. Também comprei um móbile de passarinhos, que uma senhora vendia perto da igreja. Foi o que coube no bolso – de preço – e na mala.

COMIDAS:

Nessa parte não tenho muito como dar dicas, como fui a trabalho, realizei todas minhas refeições na Casa da Glória, que não é exatamente um restaurante. O local ficou muito famoso por conta das feijoadas que acontecem aos domingos e começou com uma tradição de família e amigos que cresceu e começou a atrair nativos e turistas.

Mas enquanto estive lá também tive a chance de comer brigadeiro de capim santo, moqueca de peixe, purê de banana da terra, ceviche de beterraba… Entre tudo, esses pratos foram os mais marcantes e, enquanto estava lá, não rolou a famosa feijoada.

Para quem quer conhecer, a Casa da Gloria fica ao lado direito do Quadrado, indo em direção ao mar. Nessa portinha branca da foto.

FRUTAS:

A Bahia tem as frutas mais doces que já provei. Vale considerar que nunca fui muito fã de melão e manga. Porém quase todos os cafés da manhã tinham apenas as duas frutas e voltei da Bahia gostando muito delas. Infelizmente, desde que voltei para São Paulo, não comi nenhuma que chegava aos pés das frutas baianas *sad face. Até a água de coco, que sempre achei sem graça, era incrível lá!

Outra fruta que entrou no meu cardápio, concorrendo às primeiras posições entre as favoritas: Cajá. Nunca nem tinha ouvido, e meu primeiro contato foi em um almoço. “Moça, você quer suco de cajá ou de caju?”. “Moço, posso ter um pouco de cada?”. Foi assim que me apaixonei por cajá e tomei o melhor suco de caju da vida. Não cheguei a comer a fruta em si, mas o sabor é maravilhoso. Também recomendo o sorvete de cajá que é vendido logo na entrada do Quadrado (O lugar se chama Sorveteria Mucugê).

Aprender a se abrir para novas comidas, frutas regionais, bebidas e afins é essencial em uma viagem. Senti no sabor.

CALOR:

No início do texto eu cito que Trancoso seria um lugar improvável para mim e boa parte disso é por conta do calor. Eu costumo “evitar” lugares muito quentes. Mas enfim, antes de embarcar, vi que Trancoso estava com temperaturas em torno de 28ºC. Em São Paulo estava mais quente na época, com 30 graus. Acontece que eu nunca tinha vivido o calor úmido, creio que típico no Nordeste, Norte e nas praias (não sou muito de praia também). Pois bem, 28 graus de calor úmido significa: tomar banho, se secar e, assim que passou a tolha, já está molhado de novo.  Vivi à base de ar condicionado.

Praia dos Nativos, praticamente sem ondas

PRAIA:

Como estava a trabalho, mal tive tempo de ver o mar e a praia (mentira, vi isso todos os dias, mas bem de longe, só na vontade). Só nos dois últimos dias que fui sentir a areia nos pés e entrar no mar. Conheci apenas a Praia dos Nativos, que tem como característica a ausência de ondas que quebram, ou seja, você pode entrar de boa até uns 20-30 metros para dentro do mar e a água vai ficar na altura do peito.

Curiosidade: Foi na praia que comprei as melhores cocadas que já comi (mesmo sem gostar muito de coco) e minha família também aprovou. Quem vendia era uma senhorinha chamada Tiazinha. Mas o preço? Para turista pagar. Eu negociei porque não era turista.

Onde “morei” por 10 dias

POUSADA:

Durante minha estadia em Trancoso, fiquei na pousada Ouro Sobre Azul, a 5 min a pé do Quadrado, porém longe da praia, mas ok, eu estava a trabalho. A pousada é pequena e bem caseira, e fomos muito bem recepcionados. O café da manhã foi sempre muito farto (pães, frutas, tortas, bolos, ovos, café, suco…)  e eu sempre pedia para embrulharem o bolo para mais tarde – e acabava esquecendo porque ia para o teatro =/.

Preciso comentar que no meu primeiro dia eu levei um baita susto ao sair do quarto e ver um calango parado logo na porta. Depois descobri que existem muitos calangos em Trancoso (provavelmente no sul da Bahia), então a dica é: deixe a porta do quarto fechada, sempre!

VAL DRINKS:

Mal teria notado esse “lugar” se não tivessem me chamado para tomar um drink com a equipe de produção. O Val Drinks é uma barraquinha que fica perto da Rua do Bosque e da Praça São João. Típico lugar que eu não iria se fosse São Paulo, mas novamente, sou mais aberta a novas experiências em viagem. Então lá fui eu: peguei meu drink (que era com alguma coisa de tangerina, acho. E estava muito bom), sentei em um banco de plástico, pendurei minha bolsa numa barreira de ferro enferrujada e ainda, o grupo de pessoas com que eu estava, teve o privilégio de ouvir um velho senhor, que parecia um capitão dos sete mares, entoando as mais belas notas com sua rouca voz. Não foi a melhor apresentação que já ouvi, mas certamente foi muito divertido.

DICAS GERAIS:

  • Trancoso faz parte de Porto Seguro, então, quando for para lá, seus destino inicial é Porto Seguro. É um aeroporto tão pequeno que até me assustei quando pousei, e vi os carros passando do lado do avião.
  • • A Estrada para Trancoso é sinuosa e com vários buracos. As pessoas que foram comigo no carro perceberam meu pavor de “vou morrer hoje”. Se for dirigindo, a dica é fugir da balsa de Arraial d’Ajuda e pegar o caminho pelo continente. É mais demorado, mas ouvi dizer que é mais “seguro”. Ainda assim, vá com calma.
  • Trancoso é uma cidade turística que tem mais movimento nas férias de verão. Natal, Ano Novo e Carnaval são os momentos que a cidade fica mais cheia. A Páscoa também atrai muitas pessoas, mas em menor quantidade que os eventos já citados.
  • Além disso, existem os eventos organizados pelo Mozarteum Brasileiro, que procuram movimentar a cidade em épocas de baixa turística, eles são:
  1.  Música em Trancoso – normalmente em março
  2. Academia Canto em Trancoso – que conta com um concerto de encerramento no Teatro L’Occitane. Acontece em julho. Esse ano o concerto será no dia 8 de julho e será apresentada a peça Carmina Burana
  3. Concerto da Orquestra Sinfônica de Bucareste – dias 3 e 4 de novembro
  4. Concerto Natal em Harmonia – 4 de dezembro

Fica para a próxima ver as famosas falésias e conhecer novas praias. Aliás, um tour pela costa sul da Bahia – ou costa do descobrimento – também parece um roteiro interessante. Caraíva, Trancoso, Arraial d’Ajuda até Santa Cruz Cabrália (Seleção Alemã curtiu muito).

Mais algumas fotos:

O Quadrado
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Já esteve em Trancoso e tem mais dicas? Escreve nos comentários!

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