Em meados de 2012, um moço pegou sua bicicleta vermelha e, com trajes marrons, uma bolsa carteiro de couro e boina saiu às ruas de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Podia ser apenas um rapaz indo ao trabalho em um escritório fechado, para passar 8h em frente a um computador. Mas na verdade, dentro de sua bolsa, ele carregava envelopes, e dentro desses, uma mensagem: “escreva uma carta para um amigo, um parente, um amor, que no dia seguinte o nosso mensageiro irá recolher sua carta e levar pessoalmente até o destinatário”.
Essa foi a ação que lançou o projeto Chá com Cartas, criado pelo publicitário Ramon Brant. “O projeto parte da necessidade de fugir do cotidiano, desacelerar e pensar mais no outro. O objetivo é estimular cada vez mais a aproximação através da palavra, e refletir um pouco sobre as relações no mundo contemporâneo”, explica o criador. “O Chá com Cartas Surgiu de um desejo pessoal após eu receber uma carta de uma amiga. A carta só dizia uma frase: ‘Saudade é o amor que fica’”.
Na época atual, com modernidade crescendo, os e-mails, a falta de tempo e a vontade de se expressar pontualmente, as cartas caíram no esquecimento das caixas de quem as recebeu anos atrás “Com a popularização da internet e a evolução digital, a comunicação foi facilitada e ganhou em praticidade e velocidade, não há dúvida, mas perdeu em profundidade e capacidade de atingir o ‘íntimo’. O projeto seria uma espécie de beliscão: ‘Ei você, o que tem pra dizer pro outro? E sobre você, o que me diz?'”. Segundo Brant, as cartas são importantes por “trazer e oferecer experiências sensoriais incríveis. Tocar no papel, observar a caligrafia, esperar ansiosamente pelo carteiro e imaginar o remetente ali do seu lado”, completa.
Para incentivar e reviver essa prática, o Chá com Cartas promove três ações diferentes (descritas abaixo), e todas tem o objetivo de incentivar a escrita, aproximando mais as pessoas através do papel e do envelope. Prestes a completar 2 anos, mais de 1200 cartas já foram escritas. “Nas ação realizada nas praças o número é muito grande. Em duas ou três horas que puxo o paninho do Chá e coloco os materiais à disposição de quem queira escrever, o número de cartas escritas chega de 150 a 200 cartas”, esclarece Brant.
AÇÕES DO CHÁ COM CARTAS:
Plantação e Colheita – A principal intervenção do Chá com Cartas é realizada em três dias: no primeiro, um de nós sai às ruas, caracterizado de mensageiro antigo e deixa envelopes pelas casas da cidade. Um recado vai dentro do envelope: “escreva uma carta para um amigo, um parente, um amor, que no dia seguinte o nosso mensageiro irá recolher sua carta e levar pessoalmente até o destinatário.” No segundo dia as possíveis cartas são recolhidas e no terceiro são entregues pessoalmente aos destinatários.
Intervenção em Praças – Uma vez por mês, pela manhã o Chá com Cartas ocupa alguma praça da cidade como incentivo à escrita de cartas. Vários envelopes são pendurados nas árvores da praça como um convite. Levamos materiais (papel de carta, lápis, caneta, envelope, etc.) para que qualquer pessoa interessada possa escrever uma carta. A carta pode ser anônima (será deixada em algum lugar aleatório da cidade) ou pode ser escrita para um amigo, parente, amor… e no dia seguinte a carta é postada nos correios.
Cápsula do Tempo – A ação é feita em oficinas do Chá com Cartas ou encontro entre grupos de amigos, onde cada pessoa deve escrever uma carta para si, que será lida no futuro (5 a 10 anos). O projeto recolhe a carta e a envia por correio após esse período de tempo.
Quer mais inspiração para fazer alguém feliz algum envio pelo correio? Então leia a crônica sobre os postais!
1 Comments
Lady Dell
quanta gente bonita!!jovens do bem..
.a midia tem que mostra mais
essas iniciativas..parabens que
venham mais luz pra vcs pra
que contaminem com essa criatividade
o maior numero de pessoas…
espero ter me contaminado …
vou seguir e quem sabe criar algo
pra agregar
Adoro cartas…poemas…e estou
na web ha quase 10 anos
só
pensando em ajudar com palavras
as pessoas que me procuram!!
abraços fraternos!!
Lady Dell