Por Gabrielle Winandy

Sempre que um casal hétero fica junto no final de um filme, ficamos contentes. O amor é lindo, não é? Deveria ser celebrado sempre que está disponível e é desejado. Então me diga: por que é tão difícil aceita-lo quando vem de um casal que não é composto pela fórmula convencional? Eu sempre gostei da ideia de que almas não têm sexo, e que ser homem ou ser mulher é apenas uma noção humana. Além disso, já há tanto ódio no mundo. Não é uma bênção que o amor pode existir em todos os contextos possíveis?

A história da Covygo é uma das contadas pelo projeto/ Foto: Where Love is Illegal

É doloroso ver a forma como as pessoas podem ser tratadas simplesmente porque quem elas escolhem amar não se encaixa no protocolo padrão. Também é doloroso admitir que por anos vi a dor e o sofrimento que essas pessoas passam sem interferir de nenhuma forma. Em algum momento, no entanto, me ocorreu que a mudança não vem de uma pessoa, e sim de milhões que decidem lutar por uma causa, não necessariamente porque estão sendo diretamente afetadas, mas porque acreditam que o que estão fazendo é a coisa certa.

É por isso que decidi falar do projeto Where Love is Illegal (Onde o Amor é Ilegal, em tradução livre). Você já ouviu falar? É um dos projetos mais inspiradores que encontrei nos últimos tempos. A ideia é publicar fotos e histórias de pessoas que são proibidas de ser quem querem ser, ou de amar quem querem amar, por restrições políticas ou convenções culturais do lugar em que nasceram. Em outras palavras, as fotos e as histórias são de pessoas que fazem parte da comunidade LGBT. A intenção é chamar atenção pra elas para que um dia essa besteira toda de restrições possa acabar e o preconceito possa, se não chegar ao fim, pelo menos diminuir consideravelmente.

Um exemplo: Shirine, da Síria, foi presa e estuprada e até mesmo torturada porque ela é homossexual e mudou de sexo. Ela precisa viver em exílio porque sua vida é constantemente ameaçada, inclusive pela própria família, porque eles não conseguem aceitar quem ela é. Você percebe que ela está sendo punida por causa de quem ela queria ser? Pior do que isso: ela está sendo punida por causa de quem ela queria amar. Como pode existir tamanha campanha mundial por mais amor e menos ódio se as pessoas estão tão prontas pra julgar e punir aqueles corajosos o suficiente para amar além dos limites da convenção?

Você pode argumentar que isso é, embora horrível, meio que esperado de um país onde o homossexualismo é crime. Pois saiba que embora o projeto seja prioritariamente focado em países onde o amor LGBT realmente é um crime, o site oferece visões de violência contra os LGBT em todos os cantos do mundo – incluindo nos Estados Unidos, onde uma menina, Steph, foi rejeitada pela família e sofreu bullying de estranhos porque é lésbica. Isso é um problema real e mesmo que você concorde com tudo que estou escrevendo, o seu peso na decisão não vale nada a menos que você faça algo a respeito.

Sabe de que forma pode efetivamente ajudar a causa? Divulgando o projeto. Mostrando a todos ao seu redor essas histórias tristes e tocantes, e chamando a atenção para as comunidades LGBT de todas as formas que você conseguir. Ajude o mundo a ser um lugar onde todas as formas de amor são juridicamente legais e aceitas. Se não por você, então pelas pessoas que você ama, e por quem elas amam ou podem vir a amar. Cada um de nós deveria ter o direito de amar sem medo de ser julgado pelas nossas escolhas, legal ou socialmente.

Para mais informações sobre o projeto, acesse o site do  Where Love is Illegal, acesse